NOTA DA AUTORA

Há muitos anos sou fã de livros de ficção, suspense, romance e drama. Ao escrever o “Beco da Ilusão” procurei colocar em seu enredo um pouco de tudo que gosto, embora calcados em fatos.
Veio à minha mente escrever sobre uma das feridas da humanidade, apesar de sentir que poderia romper-se a qualquer instante. Em alguns momentos do livro, cheguei a pensar que seria impossível, pensei em desistir. Como escrever sobre algo que causou tanta dor, tanto sofrimento, sem ser realista? Foi muito difícil, confesso. Escrevi, deletei, reescrevi, mudei a história. Não importava a maneira como escrevia, sempre acabava do mesmo jeito.
Mesmo assim, procurei demonstrar que, apesar do sofrimento, um sonho poderia se manter vivo, acendendo a chama da esperança, e o melhor, contar com a presença de amigos que estão dispostos a tudo, até a sacrificar as suas vidas por nós.
À medida que você mergulhar na leitura, encontrará personagens, cenas, que lhe parecerão familiares. Isso é intencional, pois a história se passa nos anos, tomados em minha opinião, ensandecidos pelos nazistas, que atingiu o ápice da loucura. Mas, embora alguns dos fatos sejam verdadeiros, ainda assim, as situações criadas são inteiramente ficcionais. E, se em algum momento se tornar parecido com a vida de alguém, será mera coincidência, afinal, milhões de pessoas dividiram os mesmos acontecimentos da história.
Inseri alguns acontecimentos, de 1931 a meados de 1945, abordados de maneira superficial, para não se tornar mais um livro sobre a perseguição aos judeus, homossexuais, ciganos... E, vamos torcer para que isso nunca mais aconteça.
Talvez este livro seja polêmico. Geralmente qualquer coisa que faça as pessoas refletirem causa controvérsia. Nesse caso, espero que você seja obrigado não só a pensar, mas também a pesquisar, a comover-se, a tirar suas próprias conclusões e, mais importante, evitar que episódios assim voltem a se repetir.
Deixarei claro novamente: esta obra é de ficção. Não sou racista, nem violenta, e não faço apologia ao nazismo. Em algumas partes do livro, lerão frases que são de minha autoria, assim como também verão que alguns personagens expressam opiniões e pensamentos dos quais discordo. Incluí no enredo porque, gostemos delas ou não, fizeram, de algum modo, parte dessa história.
Auschwitz, um campo de concentração localizado na Polônia, tornou-se um marco na história da humanidade. Um marco triste, mortífero, macabro, por esse motivo é preciso fazer dele, algo inesquecível. Seja quando alguém faz uma piada de mau gosto e racista, ou pela crença. Ao ler uma notícia na página policial sobre jovens queimando mendigos que dormem nas ruas, ou delinquentes apedrejando homossexuais, até a morte. Ou quando qualquer pessoa coloca em questão a veracidade sobre os crimes acontecidos neste campo de concentração, ou em qualquer outro. Tudo isso são comportamentos baseados na intolerância, na arrogância, na violência cega, e que tem algo em comum com os acontecimentos ocorridos nesses campos.
Nessas horas é preciso ter não apenas consciência, mas, principalmente, coragem e calar diante de tais comportamentos seria compactuar com eles. Seria desrespeitar os milhões de vítimas e, principalmente, os milhões de mortos que não tiveram a chance de sonhar, como fez a Sarah, que construiu um futuro melhor. Lutou para torná-lo real, mesmo não tendo um final tão feliz, afinal, não é um conto, mas, pelo menos, teve um final digno.

Entretenham-se com o livro. E, passado o período da leitura, impressões ao meu respeito e da obra, espero que olhem para trás e tenham a mesma sensação que eu tive, ao criá-lo, que valeu a pena as horas gastas para lê-lo.






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