sexta-feira, 25 de março de 2016

Por Dryh Meira - MilkShake de Palavras


Hoje não é um bom dia para morrer! – página 65

Yidish vive com os pais e os irmãs na Bulgária, no ano de 1931, mas, pouco tempo depois, a família se muda para Berlim, pois o tio da menina havia falecido, deixando uma herança (uma gráfica) para o pai dela. Sendo assim, eles se mudaram para a capital da Alemanha, pouquíssimo tempo antes de aSegunda Guerra Mundial estourar. E eles eram judeus.

Yidish era uma garota energética, e com nove anos, descobriu que era apaixonada por balé ao encontrar pôsteres de espetáculos pela cidade, juntamente com seu amigo, Anton, e o primo dele,Erdmann. Aprontava como qualquer criança, brincava sem parar e lia para a irmã mais nova, enquanto pegava emprestado as roupas da mãe e dançava por aí, sonhando que um dia, seria ela nos palcos. Ela seria uma bailarina!

Berlim agora não era para mim só uma cidade encantadora, mas havia se tornado a melhor cidade do mundo. Ela havia me apresentado o balé. – página 26

Mas sabemos que isso será difícil, não é? As coisas começam a ficar difíceis para a família de Yidish, e, quando estreitam de vez, ela e a família são retirados a força de casa, e levados para campos de concentração, enquanto todas as casas judias da vizinhança e do país eram arrombadas, saqueadas e queimadas. Naquele dia, não adiantou Yidish ter amigos que não eram judios, muito menos ter os cabelos loiros e os olhos azuis. Ela fora levada do mesmo jeito, e passou pelo pior que um ser humano poderia passar nas mãos de outro.

Eu fiquei completamente abismada com esse livro. Já tinha lido outros livros que se passavam durante a Segunda Guerra Mundial antes, mas não acho que tenha encontrado um tão rico e detalhado como este. A autora, além de nos apresentar uma história lindamente emocionante, também dá uma aula de história e de alemão! Eu, como sou apaixonada por ambos, gostei ainda mais do livro.

Por um momento achei que poderia ser feliz, esquecer o passado, porém as lembranças voltam[...] A felicidade não existe, é apenas uma ilusão. – página 118

Outra coisa que me impressionou MUITO, é que a história é muito real! Tentava me lembrar o tempo todo de que não era real, a autora deixou isso bem claro no início, mas poderia ser a história de milhares de pessoas que passaram pela mesma situação de Yidish, e de milhões que não tiveram a mesma sorte que ela de sobreviver (não é um spoiler). Eu ficava abismada com os acontecimentos, vendo tudo o que Yidish estava passando, imaginava o que aconteceria com a mente dela, o psicológico. Ela era uma adolescente presa em campos de concentração, casas de prostituição e obrigada a ver coisas horríveis acontecerem com outras pessoas, além de ficar se perguntando o que acontecera com sua família e seus amigos. Ela os veria novamente?

A alegria em nossos corações foi reduzida, fazendo-me questionar se poderíamos ser felizes novamente enquanto vivêssemos. O que mais roubariam de nós? – página 58

É impossível não sentir afeição pela personagem principal. Mesmo sendo tão jovem, ela é forte, determinada e solidária, mesmo tendo tão pouco para oferecer. Yidish é incrível, e eu torcia MUITO para que as coisas dessem certo para ela, mesmo em meio a tanta crueldade e morte. Anton eErdmann também são personagens maravilhosos, gostei muito de ambos (mais ainda de Anton), masYidish é a verdadeira estrela da história. Ela é uma heroína, e eu fico imaginando quantas garotas foram heroínas durante o holocausto, alimentando a pouca esperança que lhes restavam e lutando para sobreviver.

Não havia um único olho marejado, ou demonstrando compaixão. Não havia quem nos ajudasse com alguma palavra de protesto, ou talvez, erguendo o punho em solidariedade. Estávamos completamente desamparadas. – página 103

O final me deixou sem chão, e de primeira eu fiquei um pouco brava com a autora por tê-lo feito assim, mas entendo porque o desfecho foi esse, e não outro. Ficou incrível, lindo, emocionante e maravilhoso! Já consegui aceitar os acontecidos e o caminho que a história levou, mas ainda sinto um pequeno aperto no peito sempre que lembro dos personagens.

A única coisa negativa a respeito de Beco da ilusão, foram alguns errinhos que eu encontrei ao longo da narrativa. Foram poucos, não incomodaram nem atrapalharam a leitura, mas sempre é bom mencionar, né?

Enfim, o livro é simplesmente incrível, e eu o leria novamente sem pensar duas vezes. É uma obra incrível, e eu me sinto na obrigação de parabenizar a autora, Mallerey Cálgara, pela história maravilhosa que escreveu, e agradecer pela oportunidade que me deu de poder lê-lo. Muito obrigada,Mallerey :)






Nenhum comentário:

Postar um comentário