sexta-feira, 20 de maio de 2016

Giuliana Sperandio - Blog Clube do Livro e Amigos

Olá gente!

Faz algum tempo que ouvi pela primeira vez a menção do título beco da ilusão, minha amiga disse que só tinha boas avaliações no skoob que era um livro sobre a guerra, e eu sou louca por livros que tenham como temática a segunda guerra mundial.

Então, um dia, eis que ele fica de graça na amazon, e eu fui pegar para ler...
um dia e meio depois, estava lido e eu arrasada, pareceu uma bomba me dilacerando, com uma escrita esmagadora, intensa e...

Vamos parar por aqui e ir logo pra resenha, né?

O livro é uma ficção, mas poderia tranquilamente ser verdadeiro principalmente por soar tão intensa como foi a escrita da autora, ela escreveu em primeira pessoa e nos faz viajar através do tempo e da história.
O livro começa com Sarah (Yidich) no momento presente já com uma idade avançada, indo assistir apresentação de ballet da sua neta, entre o abrir e o fechar das cortinas ela vai relembrando toda história de sua vida desde a infância até aquele momento.

O silêncio que passa a imperar no ar é cortado apenas pelo som das cortinas do meu pensamento sendo erguidas. O espetáculo começa... São minhas lembranças... Minha vida!

Yidishi é uma menina feliz que se muda com sua família para Berlim quando pai recebe de herança uma gráfica, a família toda vê na mudança uma oportunidadede mudar de vida, menos a mãe que é contra, parecia prever algo errado.
Junto com a personagem vamos percebendo as primeiras mudanças, ela criança começa acompanhar tudo com olhar inocente junto aos seus inseparáveis amigos Anton e Erdmann. Já nas primeiras semanas em Berlim Yidich se apaixona pelo ballet e começa com sonhos infantis de um dia vir a ser uma grande bailarina.

Com vinte milhões de pessoas em filas de alimento e seis milhões desempregadas, era tentador e animador ser chamado de raça superior, como ele pregava.

Anos depois, ela já com seus Doze anos juntamente com seus amigos tramam para que ela possam assistir a uma das apresentações, mas infelizmente são descobertos e isso faz com que seu pai a afaste de seus amigos, então sua única companhia vira o rádio, onde ela acompanha cada mudança de clima até a chegada da temível guerra.

Roubaram-nos a liberdade de expressão tornando-nos fantoches na mão do estado. Não podíamos falar, nem escrever aquilo que pensávamos. Não podíamos ter uma opinião, ou pelo menos, ela não poderia se tornar pública, existindo apenas na nossa mente.

Claro que a Guerra chega e por ser judia a sua família começa ficar cada vez mais apreensivo, alguns vizinhos são presos, outros "somem" misteriosamente, dentre os sumidos o pai de Anton, então ele e sua mãe se mudam para casa da família de Yidish, Anton por ser alemão e Yidish por ser diferente da família e mais parecida com o povo alemão acabam incumbidos de procurar sustento quando os judeus são proibidos de entrarem em estabelecimentos alemães. Em uma dessas saídas para a busca de alimento Yidish é reconhecida como judia, e é salva por Anton que promete jamais deixar ninguém à machucar.

Por diversas vezes ele me disse que eu não era só a sua melhor amiga, eu era a sua única amiga, uma irmã. Que eu não deveria me preocupar, que enquanto ele estivesse respirando, iria me proteger de qualquer um que me ameaçasse, alemão ou não.

O horror da guerra um dia vem bater à porta da família, e todos são presos e levados pela SS, inclusive Anton. À partir daí acompanhamos a terrível trajetória da jovem sendo sempre submetida as mais terríveis situações, longe de toda família ela se apega ao amor infantil por Erdmann, o balé e amizade de Anton, para não sucumbir ela imagina que um dia os reencontrará.

Olhava para eles e não conseguia ver seus rostos, apenas escutava suas risadas me amedrontando mais. O medo fez com que eu não conseguisse chorar, nem gritar, apenas pensar friamente que não era um dia bom para se morrer!

A vida de Yidish se transforma em um poço de incertezas, sua vida está nas mãos do destino.... E pelas mãos de um improvável salvador ela se vê com seu destino sendo decidido sem fazer ideia do será feito dela ou de sua família.
A guerra revela faces onde o bem e o mal vestem a mesma farda.


Minha opinião...


“Você não derrota um inimigo tirando sua coragem. Você o derrota tirando suaesperança.” – Adolf Hitler –

Não consigo descrever direito meus sentimentos por esse livro, aliás o que disse ali em cima não chega aos pés do que é a história, a história é riquíssima, cheia de detalhes sobre a guerra, um show de pesquisa histórica.
A autora mergulha no âmago da personagem e nos faz ver através de suas palavras todo o terror da época histórica mais conturbada da atualidade, onde conhecemos o mal em sua face encarnada que atendia por nome de Adolph Hitler.

Estava vestida aos trapos, o rosto magro e desgastado, nem parecia comigo. “Será que eu estaria ali, em algum lugar debaixo daquela imagem?”, questionava-me. Chocada, desviei o olhar e o fixei no chão por um instante, procurando mentalmente convencer minha alma a não mais habitar este corpo, abandonar todas as tralhas da alma para trás e fugir rapidamente com a água que escorria pelo ralo, indo o mais longe possível.

O livro é estarrecedor de tão verídico, tão doloroso como uma ferida recém aberta, eu por várias vezes me emocionei, e o mais chocante é que tudo poderia ter sido real. A autora soube nos situar na época, na cena e a personagem tornou se tão real que parecia ela mesma a narrar. Os medos, o fio de esperança e os sentimentos eram sentidos todos a cada parágrafo.

Os sons noturnos eram sempre os mesmos: gritos, gemidos de dor, choros engolidos, enquanto que as lágrimas secas tentavam desesperadamente lavar a alma corroída pela revolta, onde vozes se calavam em desespero. Tudo ali tinha o gosto amargo da dor. As horas, os dias, os meses, só tristeza!

Eu li o ebook como disse anteriormente, a revisão está impecável, a autora teve todo cuidado de colocar as referências e traduções, tiveram inclusive frases em alemão para dar mais autenticidade a narração.
Estou encantada de essa obra de nacional, essa autora merece uma salva de palmas de pé, pelo belíssimo enredo, pesquisa e escrita impecável.
Quem assim como eu gosta de mergulhar em livros com romances dramáticos e com alto teor histórico não pode perder esse livro maravilhoso que ganhou o lugar entre meus favoritos!

Parabéns Mallerey pelo belíssimo trabalho de pesquisa histórica, pela obra tão bem escrita e cativante.
Espero ler muitos livros seus!






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