quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Por Simone Pesci - Autora

Karnobat, Bulgária (1931)

Sarah, aos nove anos, é uma garota judaica um tanto peralta. Seu tio, Lemiel, falecera e deixara para a sua família (como herança) a sua gráfica. Desta forma, a garota e sua família se muda para Berlim. 

No início, não entendi muito bem o que eles diziam, era sobre política, mas entendi quando eles fizeram um convite para papai e Abner ingressarem nesse partido comunista e disseram que, sendo filiados, isso ajudaria muito nos negócios. (Livro: Beco da Ilusão, Cap.2)

Já acomodados em sua nova moradia e trabalhando na gráfica, o pai e irmão passam a fazer parte de um partido comunista, enquanto Sarah passa a sonhar em ser uma grande bailarina. Mas o tempo se encarrega de mostrar as mudanças trágicas, o regime de um novo e terrível comandante, Adolf Hitler, o que faz com que, tempos depois, todos os judeus sejam capturados. 

A medida que os meses se transformaram em anos, a centelha da esperança que o meu salvador viria me resgatar foi diminuindo. (Livro: Beco da Ilusão, Cap.5)


1939

Sarah passa por alguns campos de concentração, presenciando o horror de todos. Ela aguarda que o seu amigo de infância e salvador, Erdman, filho de um comandante por quem se apaixonou, a salve. 

— Ah, menina... Sou completamente apaixonado por você, Yidish, Dalina, Bertha, Nuria, Sarah! Não importa qual nome tenha ou... o lugar onde nasceu ou... morou. Para mim, você sempre será a mesma garotinha com quem andei de mão dadas pela primeira vez, empurrando a bicicleta pela noite afora. A garotinha apaixonada pelo balé e que passou a dançar todas as noites para mim, em meus sonhos. (Livro: Beco da Ilusão, Cap.13) 

Agora cesso os comentários para não soltar mais spoilers.

Antes de dar o meu parecer, quero agradecer a autora por nos presentear com essa lindeza de texto.

BECO DA ILUSÃO é um tiro no escuro, uma trama para corações fortes, tecido de forma magistral, apresentando cenários perturbantes e personagens fortes, cada qual com suas dores, alguns com sua cota exacerbada de maldade. Trata-se de um enredo datado da época da ditadura, em 1931 (na Alemanha). Talvez por a história ser inspirada em fatos reais, a cada virar de página o leitor se sente com a cerne inflamada, fazendo parte de tamanha atrocidade. Eu senti as dores de Sarah como se fossem as minhas dores. E, aos poucos, tornei-me como ela, uma rocha cheia de esperanças. Os personagens secundários, mesmo aparecendo menos, são de grande importância na trama. Mas é certo que o amor de Sarah para/com a família e amigos, principalmente a paixão dela e de Erdman foi a cereja do bolo, conduzindo um cenário destruidor para uma fagulha de esperança e amor. Eis uma história belamente tecida, com conteúdo e um desfecho ainda mais dilacerante. Em vários trechos senti-me emocionada e o final não poderia ser mais perfeito. Se eu gostei?! NÃO, EU NÃO GOSTEI! EU MEGA, MASTER, BLASTER, HIPER AMEI!!!💘💘💘 E digo mais: "Eu leio até mesmo a lista de compras da Mallerey!" o/

O enredo é narrado em terceira pessoa, com narrativa e diálogos de fácil compreensão; a diagramação está boa, no padrão digital; e a capa é bem bonita, estampando a protagonista naquele beco em específico, por qual ficou durante um tempo perdurando em ilusão.


                                          



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