segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Por Verônica Nielsen - Blog Minhas Escrituras

Beco da Ilusão, foi o último livro que recebemos em parceria com a Mundo Uno, e conta a história de uma mulher que viveu uma das piores épocas da história da humanidade, a época em que um homem chamado Adolf Hitler dominava a Alemanha, era tratado como um deus e trouxe muita dor, sofrimento e tortura para pessoas inocentes.

Narrado em primeira pessoa, o livro começa com nossa protagonista Yidish ainda criança, vivendo na Bulgária com sua família judia. Não demora a ela, seus pais, irmão e irmã se mudarem para Berlim, a fim de buscarem uma nova vida, mais cômoda e feliz, ela faz dois grandes amigos Anton e Erdmann, é uma garota travessa e esperta, e sonha em ser bailarina.

Porém, as coisas não demoram a ficar complicadas para eles e para todos os judeus que moravam lá, com Hitler no poder, e assistimos toda a tragédia e fatos vividos pelas pessoas daquela época,  pelos olhos de Yidish, por horas eu sentia que estava lendo uma biografia e não um livro de ficção.
Roubaram-nos a liberdade de expressão, tornando-nos fantoches na mão do Estado. Não podíamos falar nem escrever aquilo que pensávamos. Não podíamos ter uma opinião, ou, pelo menos, ela não poderia se tornar pública, existindo apenas na nossa mente.
Yidish ainda muito nova, é apresentada a pior face que um humano poderia ter, perde seus amigos, sua família, e depois de muitas idas e vindas em lugares desconhecidos, passando fome, sede, frio, e sofrendo violências constantes, ela faz parada em um campo de concentração para mulheres, onde sente e vê sofrimentos surreais em todos os cantos. 
A maneira como eles matavam era bem diversificada, já que possuíam uma grande imaginação. As mais debilitadas e fracas, eles estrangulavam, fuzilavam, enterravam vivas ou faziam trabalhar até a exaustão na fabricação de uniformes e de componentes elétricos para os foguetes usados na guerra. O terror era crescente; contudo, a doença pior não era a física, e sim a mental.
Até que a sorte venta para seu lado, e ela tem a oportunidade de sair do campo de concentração, e uma fagulha de esperança que ela não sabia que ainda estava viva dentro dela acende dentro do seu peito e começa a brilhar, por sua família, por seus amigos, por dias melhores.

Mas infelizmente isso não dura muito tempo, e nossa protagonista que já perdeu seu nome há muito tempo, se vê em uma casa de prostituição e a esperança mais uma vez é apagada, acendendo a luz pálida da desilusão.

Mas quando reencontra uma pessoa importante do seu passado, e vê que mesmo dentro de uma guerra, ainda é possível amar e ser amada.

O livro não é longo e nem cansativo, mas eu demorei um pouco para lê-lo, primeiramente porque o tema nazismo mexe bastante comigo, e em segundo porque o livro é rico em detalhes vividos da época, então foram usados diversos fatos históricos e termos em alemão, que sempre foram explicados em uma nota no final do livro, mas mesmo assim eu li com bastante atenção para poder absorver todos os detalhes da história, que foram muitos e nada fáceis de serem digeridos. O que eu senti diversas vezes lendo este livro, é que a autora viajou ao passado e pode presenciar na carne, todo o sofrimento vivido naquela época. Eu senti a dor da Yidish, como eu também senti a dor da Mallery, por tudo que ela presenciou e pesquisou para compor essa belíssima obra. 

Em relação à diagramação, a edição desse livro é bastante simples, porém muito bela. A capa retrata a personagem principal e transmite um ar melancólico. As páginas são amareladas, com letras de um tamanho normal, cada capitulo é uma facada no peito, pois se inicia com uma foto que retrata algo relacionado a época, com uma frase do Hitler, inclusive algumas delas são estas que coloquei na foto.


Eu me senti por muitas vezes revoltada, e alguns fatos narrados pela autora bateram lá no fundo da minha alma, pois ao mesmo tempo que tudo que existe dentro desse livro é tão real, não é nada comparado a toda dor, o desespero e a tortura que as pessoas viveram não só na Alemanha, mas em grande parte da Europa, e isso vinha na cabeça o tempo inteiro. Confesso que tive vontade de pesquisar mais sobre o assunto, mas ainda não tive a mesma coragem que a autora teve, e nem sei se um dia terei. 

O livro também me trouxe uma reflexão sobre os dias de hoje e como reclamamos muitas de vezes de boca cheia sobre o que vivemos no dia a dia. Não somos perfeitos, e estamos longe de chegar a perfeição, mas comparado a outras eras, felizmente a humanidade teve uma evolução de algo que nos falta muito, que é a humanidade.

Lembrando que estamos em constante progresso, mas também a um passo do retrocesso.

Espero que gostem e até a próxima.






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